2020: fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2019: jan . fev . abr . jun . ago . set . out . nov

2018: jan . fev . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2017: jan . mar . abr . jun . ago . set . nov . dez

2016: jan . fev . mar . abr . jun . jul . out . nov . dez

2015: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2014: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . dez

2013: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2012: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2011: jan . fev . mar . abr . mai . ago . set . out . nov . dez

2010: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2009: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2008: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2007: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2006: fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez






Lázaro Ramos e o racismo




Li em e-book o livro de Lázaro Ramos, "Na minha pele" (Editora Objetiva), e fiquei gratamente surpresa com a qualidade de tudo. A surpresa não se deve a nenhum questionamento quanto à qualidade dele como artista, que já provou de sobra seu talento e bom senso, mas a como ele aproveitou bem a oportunidade e o espaço para dar uma real contribuição aos tempos sombrios que temos vivido no Brasil e no mundo.

Porque, em vez de usar a celebridade a seu exclusivo favor, ele o faz em favor de uma causa delicada e complicada que é a denúncia do racismo. Lázaro Ramos, nascido e criado numa comunidade pobre, mas não miserável, da Bahia, numa pequena ilha, filho de pais que nunca viveram juntos, mãe empregada doméstica, aprendeu cedo os espaços interditados ao filhinho preto, "apesar de inteligente e engraçado", na casa-grande. Se hoje ele é um dos atores mais premiados e celebrados, com justiça, em todos os gêneros pelos quais transita, isso não o impede de sentir "na pele" os riscos que seu filho corre de levar um tabefe na cara por parecer suspeito a qualquer "autoridade.

É sobre isso que ele fala no livro. Sem pretender fazer uma biografia, conta sua história, de como teve que se virar como "engraçadinho" da turma para conquistar meninas, para conquistar simpatia numa escola em que negros eram minoria. Conta dos esforços que faz, junto com a mulher, para educar os filhos com amor próprio, autoestima, confiança, mas com cuidado para não cair nas armadilhas de um país racista, às vezes escancarada, em geral disfarçadamente, como o nosso Brasil.

O livro é bem escrito, interessante, coloca uma série de questões em discussão e, sem levantar bandeiras, dá seu recado. Certamente não será unanimidade em campo nenhum, mas é um ótimo ponto de partida para falar de tema espinhoso, ao qual muita gente prefere fechar os olhos. Ou fingir não ver.

Bjs!

Clara Arreguy, domingo, janeiro 21, 2018.

______________________________________________________