2020: fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2019: jan . fev . abr . jun . ago . set . out . nov

2018: jan . fev . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2017: jan . mar . abr . jun . ago . set . nov . dez

2016: jan . fev . mar . abr . jun . jul . out . nov . dez

2015: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2014: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . dez

2013: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2012: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2011: jan . fev . mar . abr . mai . ago . set . out . nov . dez

2010: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2009: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2008: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2007: jan . fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez

2006: fev . mar . abr . mai . jun . jul . ago . set . out . nov . dez






O incrível feto narrador


Imagine um narrador que é um feto dentro do útero materno, de onde ouve conversas e rádio, se informa e acompanha a vida da mãe com seu amante e cunhado, com quem trama a morte do pai do narrador. Reconhece os personagens? Isso, Hamlet, de dentro da barriga da mãe, testemunha a conspiração assassina dela com o tio do menino. Dali de onde se espreguiça à espera de seu tempo, ele nada pode fazer, senão torcer, refletir, elucubrar.

Essa narrativa inusitada foi criada pelo britânico Ian McEwan no romance "Enclausurado" (Companhia das Letras), e de maneira magistral. Não só pelo curioso ponto de vista do narrador, mas também pela trama vertiginosa que ele desenvolve. Há ação, emoção, sexo, vingança, e uma acurada análise do mundo atual, de problemas contemporâneos como a vocação e o destino da Europa com a crise dos imigrantes, os desafios de quem pensa o país e o mundo com profundidade e humor.

Humor é o que não falta ao pequeno narrador, já crítico, irônico, alcoólatra, neurótico, um candidato perfeito a esse novo mundo que o espera lá fora. Onde uma mulher troca seu marido poeta por um amante idiota, onde um filho acidental nada mais representa que barganha, onde o desleixo com a casa e o próprio corpo reflete toda a crise moral que não escolhe protagonista.

Um romance completo! Um livro genial, que não se consegue parar de ler. Ah, detalhe significativo: a tradução de Jorio Dauster, perfeita!

bjs!

Clara Arreguy, quinta-feira, fevereiro 08, 2018.

______________________________________________________

Comments:
Clara, que boa resenha!

Que sacada a do autor, hem?

Beijo.
 
Postar um comentário